terça-feira, dezembro 26, 2006

Adivinha...


21/12/2006 - 14h22
Congonhas tem mais de 60 atrasos; no país, mais de 34% têm problemas
Publicidade da Folha Online

O aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, registrava atrasos de, em média, uma hora em 30 pousos e 34 decolagens às 14h desta quinta-feira, segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária). Em todo o país, da 0h às 10h30, dos 649 vôos programados, 223 atrasaram mais de uma hora e 36 foram cancelados.

Adivinha aonde eu estava nesta quinta, dia 21? Valendo um doce se acertar...

Na noite de quarta-feira (20), Congonhas permaneceu fechado durante cerca de 50 minutos devido ao mau tempo. Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a medida originou um "efeito dominó" que causou esta nova seqüência de atrasos e cancelamentos.

O problema foi agravado pela TAM, que teve seis aeronaves paradas para manutenção e ficou sem rede de dados no aeroporto Tom Jobim, no Rio. A companhia admitiu, no final da manhã desta quinta, que todos os seus vôos saídos de São Paulo tinham atraso médio de duas horas e que 26 deles haviam sido cancelados até aquele momento.

Por qual compania aérea eu voaria nesta quinta, dia 21? Mais um doce se adivinhar...


Bom, eu teria ficado muito feliz se o atraso do meu vôo tivesse ficado em torno das 2h da média dos atrasos descrita mais acima.
Mas não... Comigo as coisas tinham que ser "um pouquinho" mais complicadas, não é mesmo? Rs.

Meu vôo estava marcado para sair de Viracopos/Cps, às 12h35. Mas ele foi adiado para as 15h35, e depois cancelado. Aí a TAM providenciou um ônibus fretado para nos conduzir até Congonhas, para pegar a ponte-aérea. Segundo o funcionário responsável pelas informações, lá haveria "uma chance maior de conseguirmos embarcar" ainda na quinta-feira. Pode???
Tudo bem, afinal eu nem estava cansada... (Só tinha dado plantão naquela noite, de quarta p/ quinta, sem dormir...)
Mas até que o cochilo no ônibus, durante o percurso pela Bandeirantes, deu um Up no meu estado geral (de caco), amenizando um pouco o tamanho e a profundidade das olheiras.

Esperança à vista, meus olhinhos chegaram a brilhar quando viram no painel de controle de Congonhas que meu novo vôo estava com o check in aberto.
Mas a esperança foi tão rápido quanto veio... Uma voz no áudio informou que os atrasos continuavam devido ao mau tempo no Rio de Janeiro.

Bom, sem lugar nas poltronas semi-confortáveis ao redor dos portões de embarque, me aconcheguei no chão mesmo (até que bem limpinho, diga-se de passagem). E ao som de uma programação flash-back (muito boa) de rock progressivo, que tocava numa rádio qualquer de Sampa, passei a observar o vai-vém das pessoas.
Umas desesperadas pela perda de vôos sequenciais, outras pela perda de compromissos importantes. Umas se produzindo esperando que algum dos muitos repórteres presentes as fotografasse ou filmasse, outras em puras e genuínas cenas de "piti".
Ah, além da famosa dupla sertaneja Milionário e José Rico (e toda a sua enoooorme comitiva), que naquela situação voltavam à condição de meros mortais, como eu, também sentados no chão.
Quase todos reclamavam. Mas todos cheios de razão.
Afinal, ninguém merecia uma situação como aquela.

Finalmente às 19h45 embarquei! Total pacial do atraso: 7h10. Saí no lucro. Afinal, no dia seguinte, leria que muitos dos que ali estavam naquela quinta, tiveram aquele mesmo chão como cama na madrugada.

Vôo tranquilo, até então, apesar de algumas turbulências no céu de Angra dos Reis.
Finalmente avistei a Ponte Rio-Niterói! Nunca fiquei tão feliz em vê-la! E verdade seja dita, ela é uma beleza também vista do alto!
Mas aí vem a voz no áudio de novo, só que desta vez a do Comandante:
"Srs. passageiros, aqui é o Comandante. Em virtude do mau tempo no Rio, e da visibilidade zero em Santos Dumont, há grande chance de termos que pousar no Galeão."
Nada contra Antônio Carlos Jobim (nome oficial do Galeão), mas aquele era o último nome que eu gostaria de ouvir naquele momento...
Mas antes mesmo do Comandante concluir sua fala, ele arremeteu. Arremeteu, e arremeteu mais um pouco, e continuou arremetendo. Uns não-sei-quantos, mas muitos pés acima, ele esclareceu que o vôo precisou ser desviado da rota, pois seu pouso não foi autorizado no Santos Dumont, nem no Antônio Carlos Jobim.

Aí fomos dar um "rolê" de mais ou menos 1h no Espírito Santo enquanto a chuva não dava uma trégua na Cidade Maravilhosa.
Finalmente, às 22h40, meus pés pisaram em terra firme, porém alagada. Total final do atraso: 10h05.

Mas sabe o melhor de tudo isso?
Se não tivesse sido assim, eu não teria entrado no táxi que peguei para a Tijuca, e não teria tido a oportunidade de falar do amor de Deus e do cuidado que Ele tem conosco àquele motorista (cujo nome tento lembrar mas não consigo).
Não teria dito à ele qual é o verdadeiro sentido do Natal, que naquela quinta ainda era futuro.
Se não fosse todo esse atraso, jamais teria dito àquele homem que a salvação está na pessoa de Cristo, e não na religião, e que esse vazio que ele sentia só poderia ser preenchido pela presença do verdadeiro Deus.
Aquele homem ouviu minhas palavras atentamente. Com os olhos marejados, agradeceu.
Não sei o que aconteceu depois, e provavelmente nunca saberei.
Mas saber que a palavra foi semeada num coração sedento valeu todo o cansaço, toda a irritação, e minhas roupas e sandálias molhadas.

Corpo cansado, mas alma leve.
Foi assim que adormeci, já na madrugada de sexta.
Feliz por estar naquele colchonete na sala da casa de Dby.
Naquele momento, não poderia ter me sentido melhor!
:)

1 comentário:

Anónimo disse...

Puxa, Fefe, amei o final com o colchonete... RSRSRSRS
Que bom que alguém foi abençoado nesse tumulto todo, vamos orar pelo taxista.
Muito boa a sua narrativa. Apesar dos meus olhos revisores dificilmente perdoarem qqer coisa, achei descritivamente perfeito. Eu me sentei no chão do aeroporto com vc.
Bjs

PS: O que vc está fazendo na enfermagem? Vai escrever, mulé!